Apresentação do livro LAURA editado em outubro de 1999
LAURA sempre foi para mim o desafio. Desde muito pequena, a figura de LAURA marcava sua presença. Seus contornos naturalmente não eram definidos e mal sabia que espécie de mulher e que vida lhe estava reservada.
Só tinha certeza de uma coisa: ela existia e com ela muitos personagens que nasciam e tomavam vida à medida que eu crescia e me desenvolvia.
Todos eles nasceram comigo. De uma forma sutil a princípio e depois estranhamente sólida. Parecia às vezes que faziam parte do meu dia-a-dia de uma maneira marcante, e era-me particularmente curioso que pudesse decidir seus destinos à medida que ele se movimentavam dentro da minha imaginação.
Só que, por vezes, e esquecia- me de que se tratava de ficção e sofria ou me alegrava com suas tristezas ou vitórias.
Costumava compartilhar de suas experiências, e quando comecei realmente escrevê-lo sabia o quanto me eram queridos.
LAURA, para mim era como uma irmã ou filha com a qual vivia em estreita ligação, alegrando-me, chorando, feliz o profundamente triste, dependendo de cada parte de sua história.
LAURA não pertence ao universo de personagens reais e, para todos os efeitos é ficção. Entretanto, Posso assegurar que ela cresceu comigo de uma forma sólida, insistente e pujante de emoções.
E escrevi muitos contos antes deste livro, mas sempre visando chegar o momento de me confrontar com LAURA e seus companheiros.
E só quando o escrevi e principalmente quando o finalizei é que senti o quanto este romance vivera comigo, e de que forma profunda eu o amava.
LAURA é, pois, a primeira obra em que me realizei e interiormente e como a qual consegui me sentir, independentemente de qualquer opinião exterior, como uma escultora que fixou no seu trabalho os traços inerentes de cada personagem.